quinta-feira, 18 de julho de 2013

Sina de um favelado


Sina de um favelado

Moro pendurado na favela
Eu, uma renca de filhos e ela.
Barracão defronte a ruela
Pintado como aquarela.

Sentado em minha cela
Mato meu tempo à janela.
A vista é deveras bela
Realidade nem minha nem dela.

Vida boa seria aquela
Velejar num barco a vela.
Desfilar pela passarela.
Mas isso é apenas uma tela

No beco uma cadela
A um cachorro se atrela.
Numa mistura de costela
Enchendo de filhotes a magrela.

Na televisão rola a novela
Pipoca transborda a tigela.
A caçula aperta a Fivela
De uma bota velha amarela.

Sinto um aperto na goela
Jantar, pão com mortadela.
Escuto um bater de Cancela
Alguém dispara pela viela.

Kennedy Pimenta

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